segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Meu Eu

Era de noite, e eu andava pelo escuro sozinha na casa grande. Eu lembro tão bem como se fosse hoje. Sentia um cheiro estranho e uma vontade de vomitar terrível. Mas eu estava só e tudo me assustava. O barulho do atrito no carpete bege e velho me fazia tremer. Pensava que veria algo, pensava tão forte que quase via. Acendi uma vela e um cigarro pra me fazer companhia. Seguia respirando fumaça com a cera queimando minha mão. Droga não achei um maldito prato para apoiar. O telefone infeliz não funcionava, por isso sempre preferi as coisas velhas, como um fio faz falta.Era a minha caminhada até a janela que dava para a rua, em passos pequenos, e leves por causa do atrito. Não encostava em nada, por mais que sabia onde estava a parede tinha medo, medo de de repente encostar em alguém. Evitava sair correndo. Pânico. Pensei em jogar o cigarro, mas a fumaça me acalmava. Para onde tinham ido todos, e a luz? Era só a luz que eu desejava naquele momento. Piso frio. Sala de Estar. Escura. Queria gritar o nome do meu cachorro, mas não. Não fazia nada a não ser andar quieta. Suada. Minhas mãos doíam queimadas. O latido do cão me fez derrubar a vela que se apagou. Imediatamente me abaixei atrás do bar e la fiquei, e fiquei. Eu desejava desmaiar e acordar com a luz. Faltava pouco. Carpete de novo, desta vez macio. Sala de Jantar. Eu esbarro na pequena estante do vaso e o derrubo, o barulho do vidro naquele silencio absoluto foi escandaloso e eu gritei. Gritei forte, alto e com medo. Gritei como se fosse um ultimo grito. Me arrepiou a alma senti medo do grito e chorava. Chorava alto. Tinha medo do choro alto. Tinha medo do grito. Tinha medo do eco. Tinha medo do pensamento. Tinha medo do escuro...

Eu tinha medo de mim.

3 comentários:

Mayra Pelissari disse...

Thakau, voltei mas só pra dar uma espiadinha.... infelizmente não estou conseguindo me concentrar para escrever, estive doente por esses dias! E começou o fechamento, de novo. As vezes tenho preguiça da minha profissão, hahahaha... Enfim, quis comentar todos os seus posts anteriores, mas não podia deixar passar esse. Vc me fez lembrar de uma época da minha infância que ficava perambulando pela casa sozinha, sem sono, com medo do ranger dos móveis e me escondia atras da porta do quarto da minha mãe e ali ficava, passava a noite ali e até adormecia ali... levava gibis ao invez de cigarro e cobertor ao invez de velas... tinha medo do meu eu nos pensamentos e morria de calafrios da minha imaginação... Em resumo, certas coisas não se mudam da infância para a fase adulta... apenas o cenário e as companhias e os pensamentos...

Ah, claro, hoje em dia não posso encostar que capoto.... e acordo somente a hs que meu celular desperta..... hehehehe!

Bjoks!
;-*

Emely disse...

Obrigada por cirandar...eh muito bom aqui... mais hoje vejo confuso!

deixo sorrisos e desejos de PAZ!
=*

Emely disse...

ps: posso bota-la na Roda?